Por onde andei, parte 3

Quarto dia de navegacao, 17h (14h no Brasil)
(ate finalizarmos essa travessia, serao 5h a frentedo Brasil)

Finalizo aqui os relatos sobre as visitas que fiz falando das outras duas cidades que conheci, desta vez no Brasil.

Rio de Janeiro. Embora meus planos fossem grandes, nao pude sair direito no Rio. No dia anterior fiquei sabendo que teriamos na parte da manha um encontro de todos os funcionarios do bar para inspecao de maos.Isso significava que meu horario livre da manha havia sido 'matado'. No Rio consegui apenas sair do porto, atravessar a avenida e cair em um centro gigante (esquecio bairro do porto) . Fui ate a farmacia e voltei. Tentei usar a net do Porto, mas nao deu muito certo. Queria baixar as fotos e videos, mas nem cheguei perto disso. Fui tao mal atendido la que fiquei chocado. Uma lan house situada bem no porto, onde circulam diversos passageiros, poderia ter funcionarios mais polidos e gentis. Logo que entrei o atendente berrava com duas clientes argentinas. Berrava e falava grosseiramente com elas. De verdade, me senti envergonhado de estar ali e de dizer que sou brasileiro como ele. Depois disso, foi a minha vez, comecei a perguntar que tipo de servico, tarifcao, pagamento e disponibilidades da lan house. Ele me disse que eu estava perguntando demais. Desisti, sai sem ter feito o que eu queria e assutado com a grosseria do rapaz da lan house. Fiquei tao mal que nem desci no Rio de novo, na parte da tarde na minha outra folga. Me senti como aquela musica da Arca de Noe, de Vinicius de Morais, cantada pelas Freneticas sobre um pintinho novo e inseguro que acaba de nascer (acho!): "Volta pro ovo!!". Foi o que fiz, voltei e nao quis conhecer o Rio. Na passagem por Maceio, Alagoas (dia seguinte) tambem nao desci, pois os atrativos principais de la sao praias e eu nao senti vontade de descer. E so.

Salvador, Bahia. Das cidades que conheci nesste primeiro mes, a que mais adorei! Assim que se chega, ha um batalhao de vendedores de presentinhos e lembrancinhas. Tome cuidado! Eles inventam de tudo para fazer voce gastar. Dao uma corrente de graca, voce fica feliz e entao eles pedem que os ajude comprando um colar de 8 reais. Vale a pena comprar, mas nao por este preco. Quanto a cidade, linda. Cheguei, liguei meu celular e fui falando com meu pai durante todo o caminho e quando olho para o lado o Elevador Lacerda gigante. Com 15 centavos subi o elevador conhecidao e cheguei ao topo da cidade historica. Andando mais, encontro o corredor de casas lindas e chao de pedras - o Pelorinho! Aquele mesmo que Michael Jackson andou em seu clipe. Descendo mais, acho o pavilhao em frente ao Instituto Jorge Amado. Neste pavilhao foi onde Michael esteve rodeado por gente, enquanto um menino franzino tocava percussao para ele. Inimaginavel.
Ao contrario do Rio (que ja estive com a Carla, na epoca da Faculdade e pretendemos voltar com calma) naquele canto da Bahia me senti orgulhoso de ser brasileiro. E muito louco: em cada esquina que se passa, de casas antigas e coloridas, voce ve diversos cursos sendo realizados. Musica, danca, percussao, artes dramaticas. Me assustei quando subia uma ladeira e ouvi gritos. Era uma peca de teatro sendo ensaiada. Depois vi uma procissao com imagens de Jesus carregando a cruz e de Maria tentando ajuda-lo. Parei e fiquei chocado de novo: de repente me lembrei que poderiamos estar perto da Pascoa. Fiquei parado com um amigo daqui do barco, me perguntando se aquela sexta seria a sexta-feira santa. Confesso que fiquei impressionado como eu havia perdido a nocao de tempo e sequer sabia se era Pascoa ou nao. Ao ligar em casa, no mesmo dia, vi que a sexta santa seria mesmo dali a uma semana apenas, ou seja, amanha. Na volta, ao anoitecer ainda tive tempo de passar numa barraca de acaraje e comprar um, por 4 reais. Tirei foto com a baiana, linda, linda mesmo e sorridente! Sai feliz, adorei o acaraje que pensei que ia me causar mal estar por conta da pimenta, mas pedi para colocar pouco. Tem muita coisa misturada no recheio dele, como caruru, camarao e outras coisas dentro de uma massa, especie de pao, frito na hora. Muito bom, mas sobretudo por saber que passei na Bahia e comprei um acaraje da baiana!

Recife, Pernambuco. Esta foi a cidade que eu mais estava ansioso para conhecer. Na descida vi que seria um pouco dificil, pois o porto fica longe da cidade em si. Fiquei olhando, perguntei por taxi e eles queriam cobrar 50 reais pra ir e 50 pra voltar(!!!). Fui? Claro que nao!
Optei por ir de onibus, 95 centavos ate Olinda, o unico lugar mais perto que daria tempo de eu conhecer. No ponto de onibus conheci um casal de passageiros do navio, Silwya e Cristian, polonose e frances. Eles optram por explorar a cidade de onibus tambem. Puxei papo com eles e fomos juntos conhecer Olinda.Eles tinham um guia em frances do Brasil inteiro e eram do tipo aventureiros que curtiam conhecer a cidade andando por ela, sentindo os cheiros, andando entre as pessoas simples, fazendo o que elas fazem, ao inves de entrarem num onibus de excursao da Costa e conhecerem a cidade de dentro dele, no ar condicionado e janelas fechadas. Me impressionei! Fomos tagarelando o caminho todo, pois eles falavam ingles. Eu estava com muito medo de perder a hora, de me perder em Olinda e com esses estrageiros pecebi que meu medo era besta, pois eles que nem portugues falam nao estavam com o menor medo, porque eu deveria estar?? Me corrigi e prometi a mim mesmo ter este espirito explorador que nem o deles. Em Recife me tornei o tradutor deles. Teve uma hora que eles queriam 'Garaneh'...o vendedor entendeu cafe e eu disse que era Guarana...
Conhecemos igrejas antigas (era dia da missa de ramos), fizemos muitas fotos. A polonesa Silwya adorou ver criancas sem camisa e somente de calcinha e cueca a brincar na rua. Tiraram fotos! Disseram que na Polonia (onde ambos vivem) nao se ve criancas sozinhas e tao livres. Compramos algo para beber e de repente a Silwya para e fica olhando para um cara. Ela acabara de ver uma das cenas mais chocantes no Brasil: um homem jogando lata na rua. Ela o olhava, pois nao entendia e acreditava que ele ia pegar a lata e devolver ao lixo do lado dele. Que nada! Expliquei a ela que isso no Brasil e normal, INFELIZMENTE! Voltei de Recife decepcionado por nao ter podido ir a lugares distantes como Brejo da Madre de Deus, Caruaru...etc etc....Mas voltei feliz de ter conhecido amigos diferentes e ter trocado emails com eles. Dentro do barco prestamos servicos a eles, fora dele, somos iguais.

Estas foram as cidades que conheci neste primeiro mes de contrato e definal de temporada na America Latina. E que venha a Europa!!

Ciao

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2 Responses
  1. Vivianne Says:

    Achei seu blog qdo estava pesquisando sobre trabalhar em navios e mesmo agora que decidi por não ir sempre passo por aqui. Parabéns pelo blog!


  2. Pow, Vivianne!
    Legal saber que sempre acompanhas por aqui!
    Desistir antes e normal tambem. Muitos que estavam aqui, desistiram antes de sair do Brasil...a pressao e louca e nao e para todos...


    Beijo e apareca sempre!